sábado, 21 de julho de 2012

Novo Aeon - em construção



Uma possível interpretação da letra de Raul Seixas, uma das minhas preferidas.

Novo Aeon 

(Aeon é uma era, um período, um ciclo filosófico thelêmico de aproximadamente 2000 anos que se completa para a entrada de um novo período, é a continuidade da existência que não pode mais se estruturar nos períodos anteriores. Estamos sob o Aeon de Hórus). Telêmaco, filho de Ulisseu, o Odisseu (Odisséia)?

O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais

(a música fala sobre revelações e descobertas, que retiram as pessoas de um conhecimento condicionado, culturalmente implantado, o qual as aliena, a cotidianidade, como citou Heidegger, o "Dasein", para a busca da essência, a comunhão do ser-aí. Sol da noite, é o novo sol, o da libertação, o que realmente ilumina e clareia. Clara relação entre o saber - sol - e a ignorância - noite. Essa mesma expressão antitética, paradoxa ou oxímora, sob um viés romântico, pode ser encontrada na música "Noites com sol", de Flávio Venturini: "pode abrir as janelas, noites com sol são mais belas, deixa o sol entrar". Há uma anunciação, "alguma coisa está acontecendo", e a notícia não chega pela mídia de massa, aquela que deturpa, o rádio, os jornais, mas se reflete nas alterações de comportamentos e na implantação de uma nova ordem moral. Vale lembrar o que Raul disse sobre os jornais na música Cowboy fora da lei: "eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz").

Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica, outro sai do lar
E até as mulheres, ditas escravas,
Já não querem servir mais

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

O vento voa e varre as velhas ruas
Capim silvestre racha as pedras nuas
Encobre asfaltos que guardavam
Hitórias terríveis

Já não há mais culpado
nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?

Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

Querer o meu
Não é roubar o seu
Pois o que eu quero
É só função de eu

Sociedade alternativa
Sociedade novo aeon
É um sapato em cada pé
É direito de ser ateu
Ou de ter fé
Ter prato entupido de comida
Que você mais gosta
É ser carregado, ou carregar
Gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar
Jesus Sofrer

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Poesia e Filosofia: uma linguagem

Poesia e Filosofia trabalham com a linguagem em seu mais alto grau de expressão, inclusive, ela é tema central de estudo nas duas disciplinas. Nietzsche e Wittgenstein, por exemplo, foram filósofos que trataram a questão da linguagem.

A linguagem poética caracteriza-se pela sua força de abstração e, portanto, de plurissignificação. Tudo na poesia remete a múltiplos significados, recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem figurada. A expressividade fornece sentido à significação, que é reconstruída pela experiência de cada leitor. Não interessa o que o poeta quis dizer, mas o que ele está dizendo no momento da leitura. Não se trata de conhecimento (sábio), mas da busca do conhecimento, do sentido (filósofo).

Para aproximar poesia e filosofia, basta pensarmos nos sonetos de Camões, Gregório de Matos Guerra ou Camilo Pessanha, apenas para ressaltar o tema presente na poesia de Cecília Meireles, Motivo, que é a apreensão do tempo presente, já que o passado e o futuro não se mantêm, não se sustentam, estão apenas inseridos nos movimentos das coisas, na efemeridade da vida, na transitoriedade das coisas do mundo.

Filósofo-poeta, ou literato, Nicolau Maquiavel escreveu O Príncipe, utilizando-se dos recursos literários e poéticos, ao ponto de que ocorra uma má interpretação de seu pensamento se a escrita literária presente no texto for ignorada. Giacomo Leopardi, poeta-filósofo, alimentou seus versos com questões filosóficas, como a impossibilidade de se alcançar a felicidade, ou seja, o desejo e a frustração causada pela insatisfação da coisa consquistada, na linha de Schopenhauer. Voltando a Cecília Meireles (1901 - 1964), podem ser destacados alguns breves elementos em que se projetam uma análise literária enriquecida com temas da filosofia.


Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Um bom começo para uma análise literária é entender o porquê do título. Pois bem, Motivo. Por que eu canto, por que sou poeta? É isso que vai nos responder Cecília Meireles ao longo do poema; qual o seu mote (motivo) para a construção da poesia, não desta, mas de todo seu fazer poético. A poesia lírica medieval se iniciava com um mote (primeiros versos) que era desenvolvido ao longo do poema.

Eu canto, diz o início do poema. O "eu lírico" está presente no poema, está inteiro e completo. A própria autora se caracteriza por essa produção intimista. O instante existe: aí está a explicação chave para o texto: o presente, o instante que reflete uma vida completa; não há espera. Os verbos, com exceção de "estarei", estão todos no presente, ou seja, neste instante, que é o da produção da poesia, mas que também é o da leitura de cada um, tempos diferentes, mas tempos presentes.

Na segunda estrofe, a poetisa reconhece a transitoriedade das coisas, o que será marcada pelas antíteses da terceira estrofe, "desmorono/edifico", "permaneço/desfaço", fico/passo", mas isso não é um obstáculo, já que o olhar está sempre voltado para o instante presente, da poesia. Sendo assim, há um motivo para a poesia, para a linguagem poética, para cantar a completude da vida, sem esperar o espaço entre o nascimento e a morte, e esse motivo é a própria poesia, é o cantar, e isso é tudo.

Portanto, o poema trata do tempo e do ser, o instante existe, sou poeta, um dia estarei mudo, mais nada. Na filosofia, o tempo remete à passagem cíclica do mundo e do homem ou sua ordem científica (medida do movimento), à consciência do tempo pelo homem ou, na filosofia existencialista, às suas possibilidades. O ser pode ser trabalhado no seu modo predicativo ou existencial. Cecília Meireles parece trabalhar, em alguma medida, todas essas formas, do ser e do tempo, mas aí é uma outra conversa...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Encontro Semana Literária e Cultural (16 a 18 de novembro)

Convido a todos para a Semana Literária e Cultural na EMEF Armando Cridey Righetti, cujo tópico está centrado nas discussões sobre a relação do homem com o mistério da vida e da morte. Estarei apresentado as considerações sobre contos fantásticos e de assombração, no dia 18 de novembro de 2011, em dois encontros, às 10h30min e às 20h00min.
Essa relação com o sobrenatural e com o estranho será pensada a partir da análise de três contos do gênero, A dança da Vespa, de minha autoria, O Homem de Areia, de E.T.A. Hoffmann, e Um casaco de Raposa Vermelha, de Teolinda Gersão, além de uma breve explanação sobre o gênero conto. O primeiro texto está disponível na publicação abaixo, o segundo em http://www.4shared.com/document/XAa7bnGh/eta_hoffmann_o_homem_de_areia.htm?aff=7637829 e o terceiro está protegido por direitos autorais, presente no livro A mulher que prendeu a chuva e outras histórias.
Os encontros da semana se iniciarão no dia 16/11 e seguirão até 18/11, com diversas atividades e a presença de outros professores, mestres e profissionais ligados à literatura e ao tema.
Endereço: Rua Cordão de São Francisco, 797, Vila Aimoré, Itaim Paulista, São Paulo/SP (2581-0360). Conto com a presença de todos.


1. Tema e Programação

A fala dará ênfase para a dimensão alcançada pelos contos fantásticos no âmbito cultural, social e psicológico e à relação do homem com o inconsciente, a subjetividade, o desejo e a crença, sobretudo, neste caso, do mistério que engloba as concepções da vida e da morte.

- 5 minutos: apresentação pessoal e indicação do tema.
- 15 minutos: teoria do conto e as narrativas fantásticas (Italo Calvino e Tzvetan Todorov)
- 10 minutos: Expressão e Cultura: Belfagor, o Arquidiabo (Nicolau Maquiavel).
- 10 minutos: A descoberta do inconsciente, o pensamento e a subjetividade: O Homem de Areia (E.T.A Hoffmann)
- 10 minutos: O sentimento e o desejo: Um casaco de raposa vermelha (Teolinda Gersão).
- 15 minutos: Estratégias de produção de contos de assombração: A Dança da Vespa (Eduardo Ribeiro)
- 10 minutos: questionamentos e encerramento.


2. Contos de referência

- A Dança da Vespa (autoria do palestrante), disponível em http://www.pietrasopralinea.blogspot.com
- Belfagor, o arquidiabo (autoria de Nicolau Maquiavel), disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/lb000887.pdf (versão em italiano)
- O Homem de Areia (autoria de ETA Hoffmann), disponível em http://www.4shared.com/document/XAa7bnGh/eta_hoffmann_o_homem_de_areia.htm?aff=7637829
- Um Casaco de Raposa Vermelha (autoria de Teolinda Gersão), não disponível (direitos autorais).


3. Sugestão de leitura

- GIARDINELI, Mempo. Pequeno manual do conto para iniciantes: história e teoria. Disponível em http://www.portalgeobrasil.org/colab/artigos/contohistoriaeteoria.pdf. Acesso em 04/11/2011.

- GOTLIB, Nádia Batella. Teoria do conto. São Paulo, Ática, 2006. (disponível em: http://pt.scribd.com/doc/30890030/Nadia-Battella-Gotlib-Teoria-do-Conto).


4. Referência Bibliográfica

- CALVINO, Italo. Contos fantásticos do século XIX. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.
- _______________. Mondo scritto e mondo non scritto. Itália, Oscar Mondadori, 2010.
- _______________. Perché leggere i classici. Itália, Oscar Mondadori, 2010.
- CAVALCANTE, Anna Hartmann. Símbolo e alegoria: a gênese da concepção da linguagem em Nietzsche. Rio de Janeiro, DAAD, 2005.
- COSTA, Flávio Moreira da. Os melhores contos de loucura. Rio de Janeiro, Ediouro, 2007.
- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, RÓNAI, Paulo. Mar de histórias: antologia do conto mundial, v.1. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1998.
- HANSEN, João Adolfo Hansen. Alegoria: construção e interpretação da metáfora. Campinas, Editora da Unicamp, 2006.
- MOISÉS, Massaud. A criação literária. São Paulo, Cultrix, 2008.
- SAMÓSATA, Luciano. Diálogo dos mortos. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1998.
- TODOROV, Tzvetan. A Literatura em perigo. Rio e Janeiro, Difel, 2009.
- _________________. Introdução à literatura fantástica. São Paulo, Perspectiva, 2008.

A dança da vespa

A DANÇA DA VESPA

O verdadeiro tema, o único e o mais profundo de todos da história do mundo e dos homens, ao qual todos os outros estão subordinados, continua sendo o conflito entre a crença e a descrença.
GOETHE


Sophia acordou, assustada. As reminiscências daqueles nove meses ainda a enlouqueciam. Como sua vida mudara! Dezessete anos pareciam tão breves, mas aqueles últimos meses... Pareciam anos! Os segundos são eternidades quando se sente dores vindas do inferno.
Aquilo a devorava por dentro, a alma! Joseph morrera havia quatro meses; Christina, duas semanas depois do pai.
Sua família estava destruída. Sabia que dezessete anos de um casamento feliz foram condenados naquela noite, no aniversário de Vitória, uma amiga. Por que insistiu para que eu fosse, Joseph? Por que me deixei envolver? Deveria saber que o mal não se instala no mal; ele procura o bem, pois, ao consumi-lo, pode se fortalecer para... O dia de hoje.
Recordava-se de tudo agora e, entre lembranças, portas e janelas de sua casa agitavam-se em descontrole. Era chegado o dia. Um frio tomava-lhe as costas, um calor, o peito. Feridas abriam-se pela sua barriga, muitas já apodrecidas.

Poucos minutos após a festa, Sophia não mais encontrou Vitória. Sentiu-se perdida, de início, mas com o passar de poucas horas se familiarizou com o ambiente. Lá estavam muitos jovens, alegres,
bonitos, que bebiam, dançavam, namoravam. Foi quando viu aquele homem passar, olhos verdes, flamejantes, voz grave e encantadora. Naqueles segundos, era como se Joseph nunca tivesse existido, como se nada do que acreditasse fizesse sentido, como se estivesse ali somente para amá-lo. Fizeram amor. Muitas pessoas estavam à sua volta; riam de forma ensurdecedora, expressando euforia e desespero.
Todos condenados por servi-lo. Sophia sentia pela primeira vez o que passaria a sentir por toda a vida. Ela foi a escolhida, assim como a vespa escolhe a aranha em que depositará sua larva, para comê-la por dentro, no ritual mais macabro da natureza. Quando despertou, estava com sua família e, se não fossem os acontecimentos por que passaria, poderia jurar que tudo havia sido um sonho.

Soube que Vitória morrera na manhã daquele mesmo dia, quando retornava da festa. Acidente de trânsito.

Nos útimos meses, Sophia tentou manter contato com um tio, Andrea, por meio de cartas. Ele era um padre atuante, que poderia ajudá-la; contudo, obtivera uma única resposta, escrita por outra pessoa: ele se suicidara, havia algum tempo. A sobrinha contara tudo a Andrea nas cartas, cada acontecimento, cada segundo de dor, perguntando quem poderiam ser essas pessoas que surgiram em sua vida para promover a desgraça. Apenas não lhe contara como Joseph e as crianças haviam morrido. Sim, as crianças, pois seu filho fora morto logo após aquela noite.

Eternidade! As dores, as visões, Vitória vindo visitá-la a cada madrugada. Poderia conhecê-la somente pela voz. Seus olhos, dois grandes vazios; suas costas eram consumidas por um imenso buraco. Os pés não tocavam o chão; flutuavam abaixo de um vestido roxo, o mesmo da festa. Sophia padecia. Poucos cabelos cobriam-lhe a cabeça, os olhos fundos, fracos, os lábios cobertos de pus. Aquela criança a transformara naquilo! Pensou em arrancá-la pelas mãos, mas não abreviaria tanta miséria ao mundo; havia de esperar que lhe cortasse o ventre e, talvez, carregando consigo seus órgãos, finalmente a matasse.

Nove meses de dores condensaram-se em pouco menos de meia hora. Uma forte tempestade se iniciou e a criança nasceu. E era belo. Tão belo quanto a primeira imagem que ela havia tido de seu pai. Os olhos do menino fixaram-se nos seus. Ele a controlava.

Sessenta e seis dias de paz romperam os meses de aflição e pavor do período de gravidez. Sophia se tranquilizara, seus cabelos tinham voltado a crescer, marcas cobriam-lhe as feridas. Apegou-se à criança. No entanto, o silêncio foi quebrado pela chegada de um padre à sua casa. Chamava-se Paolo e disse vir em nome de Andrea. Aproveitando que a criança dormia, conduziu Sophia até uma igreja. Rezaram durante três horas ininterruptas. O padre lhe mostrou uma caixa, com várias folhas que registravam as 53 aparições de Satanás no Novo Testamento. De lá, retirou um gancho e o entregou à mulher, dizendo:
— Este objeto esteve guardado no cativeiro babilônico, onde o demônio esteve preso. Com ele, nesta noite, você deve arrancar os olhos de seu filho, enquanto o amamenta. Guarde essas páginas em seu bolso; elas registrarão as últimas aparições do demônio. Ele não morrerá, mas viverá na Terra com a luz do inferno, na escuridão absoluta, para onde retornará após esses mil anos. São as orientações de seu tio, não fraqueje. Não estarei te acompanhando e, quando sair desta igreja, o próprio Satanás se incumbirá de me matar, assim como matou todos, menos Andrea. Ele, o Satã, já sabe de tudo, mas confia que naquele momento você aceitará o demônio como seu filho, amando-o e condenando definitivamente a Terra aos desígnios da maldição e do inferno. Não esqueça de olhar para o espelho, Sophia. Ele te mostrará a imagem da Besta. Vou-me aos céus e aguardo lá sua chegada.

Ao primeiro passo fora da igreja, Paolo gritou de desespero. Sophia não sabia como ajudá-lo. Que cena medonha! As órbitas do padre foram sugadas para o interior do próprio crânio, fazendo surgir dois grandes buracos em sangue, ao mesmo tempo em que os lábios, trêmulos, rachavam-se, queimados pelo sol. Suas mãos, retorcidas para trás, expandiram o tórax à frente. O pescoço alongou-se, tenso. Paolo não conseguiu mais respirar. Caiu de joelhos e ergueu o rosto uma última vez para Sophia. — Salve-nos! — pediu, agonizante.

O bebê dormia tranquilamente. Sophia pegou-o no colo, pensando em terminar logo com aquilo. No mesmo instante, uma sensação estranha invadiu-lhe o corpo, um calor começou a sufocá-la...
Devolveu a criança ao berço e, cambaleante, foi para um sofá próximo. Sentiu uma presença maligna... Teve medo de olhar para ela. Quando o fez, um calafrio a dominou. Ali estava seu filho, em pé e sorrindo. A imagem de bebê se perdeu. Surgia à sua frente um menino mais velho. Aquilo foi assustador. Ele acariciou a face materna, dizendo:
— Você vai me matar, mamãe?

Sophia piscou, apavorada. O menino desaparecera. Ela levantou-se do sofá e foi checar o bebê, que continuava dormindo no berço. Não havia mais tempo a perder. A mulher o pegou novamente no colo e retornou ao sofá. Abriu a blusa e o sutiã, oferecendo um dos seios à criança. Esta ergueu as pálpebras, exibindo os grandes olhos verdes e flamejantes, e aceitou o leite, faminta. Sophia, com a mão livre, pegou o gancho que trazia no bolso de trás da calça comprida. Tremia, lutando contra o peso que lhe caía desde os ombros. Uma lágrima escorreu-lhe pela face. O filho a olhava com doçura; parecia suplicar para que não concluísse seu intento. Sophia não podia continuar. É uma carga muito grande, maior do que a de Jesus, pensou, desesperada. Então, redirecionou o gancho, direto aos próprios olhos. Arranque-os, mamãe, sussurrou-lhe a criança, em sua mente. Não havia mais dúvidas. Voltou o cotovelo um pouco para frente, estendendo o antebraço. Precisava ter certeza de que o golpe viria com força suficiente para atravessar sua órbita. ARRANQUE SEUS OLHOS, MAMÃE! De uma só vez, ela executou o movimento. Estranhamente, não sentiu dor. O gancho não conseguira tocar seu olho, impedido por uma mão invisível.
— Para baixo, agora! — disse a voz de seu tio, padre Andrea.
Sophia não o viu em lugar nenhum do quarto. Sentia apenas sua presença.
— Olhe para o espelho — orientou ele — e você entenderá!
Ela o obedeceu, estreitando os olhos para o espelho da cômoda. Não viu refletida a imagem do bebê. Era a imagem de um demônio... No mesmo segundo, a mulher atirou o filho ao chão. Saltou
sobre ele, golpeando-lhe os olhos. Um deles foi arrancado e o outro, esmagado para dentro do crânio.
— Filho meu, eu os matei! — gritou, desesperada. — Matei Joseph e as crianças!
Com o gancho ainda em sua mão, Sophia golpeou a si mesma, arrancando o próprio coração.

Durante mil anos, a Terra conheceu um período de ódio e terror inimagináveis. As pessoas se matavam pelas condições mais banais. As doenças proliferavam; já não era possível ficar mais do que dez minutos fora de casa sem ser contaminado. O ar estava podre. As crianças nasciam e já eram abandonadas. Não havia velhos; tornou-se impossível viver além dos vinte anos. As almas eram conduzidas ao inferno, depois de vagarem por dois séculos entre os vivos. Pobreza, miséria, violência, crimes. Mil anos até que uma nova criança nascesse, crescesse e mudasse os rumos da humanidade.

Apesar dos conselhos que recebera, Sophia entregou seu coração ao filho. Ele o devorou, alimentando-se da bondade da mãe para devolvê-la, sob a forma de desgraças, ao mundo criado por Deus. Assim, após longos mil anos de sofrimento, haveria em todo o universo somente dois reinos, inconciliáveis, que voltariam a se encontrar no dia em que apenas um deles poderia existir. Um único reino.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eros - O amor em Platão


O amor é campo controverso de entendimento, tanto no senso comum, como também na filosofia. Para os gregos, o amor é o elemento que move as coisas e as mantém unidas, em harmonia. Dele, assim tratou Parmênides, Hesíodo e Aristóteles. Neste sentido, o amor é essencial para a cidade, já que concorre para o bem e para o justo.

Platão, como revela Nicola Abbagnano em seu dicionário de filosofia, foi o primeiro a dar tratamento filosófico ao amor (2007, 39). Como problema filosófico, o amor é condicionante ao desejo de se ter o que não se possui ou de manter aquilo que se possui, ou seja, é a força movente do ser humano. Essa busca é movida pela beleza, na coisa amada, pelo desejo do bem, sobretudo, pela busca da sabedoria, que é a forma mais sublime de amar. Por fim, é a própria necessidade do homem de se imortalizar, aí representada na procriação, que remete novamente na busca do belo, para que se resultem proles harmoniosas, assim como se busca uma cidade e um governo harmoniosos, e, portanto, belos.

Nesse amor pelo objeto que está ausente é que se cristalizou a ideia do amor platônico, no desejo da forma bela, naquilo que se pode ser apreendido pelo campo do inteligível, isto é, pela inteligência, em suma, pela busca do conhecimento, o que diverge do senso comum de que o amor platônico seria o amor não correspondido que o amante carregaria por toda a sua existência, sem nenhuma evolução do espírito. Assim, em O Banquete, o Amor não é apresentado nem como belo, nem como feio, nem como humano, nem como mortal, mas como um intermediário que estabelece o contato entre as necessidades humanas, suplicadas aos deuses, e a ação divina, entregue aos mortais, sendo fundamental para a constituição da amizade, da justiça e da cidade, sobretudo, força motora que conduz os seres humanos em direção à felicidade e à nobreza da alma.

Assim, o Amor se apresenta na obra de Platão como o princípio estrutural da comunidade política e da paidéia, ou seja, da formação do povo grego, sendo entendido à luz da razão, de acordo com a própria estrutura contida em O Banquete. No final desta obra, Sócrates aparecerá para Alcibíades como a síntese desse ideal de Amor, já que desprovido das belezas do corpo, tem em sua alma a fonte mais profícua para o desenvolvimento do Amor que busca o conhecimento e a sabedoria, ou seja, representa o ideal do que é ser um filósofo.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bernardo Bertolucci

"Eu semprei sonhei encontrar uma mulher num apartamento vazio, uma apartamento de ninguém, um lugar sem personalidade, e fazer amor com ela sem saber quem é. Queria repetir esse ato sexual à exaustão. A ideia do Último Tango em Paris (1972), filme proibido em diversos países e também no Brasil, surgiu daí", revelou o cineasta italiano Bernardo Bertolucci.

Com uma atitude desafiadora, Bertoucci povoou seus filmes com o cenário histórico e político da Itália, por conseguinte, da Europa e do mundo, para isso, trazendo temas épicos e baseando-se em obras de grandes escritores da literatura, como o russo Fiódor Dostoiévski, quando produziu o documentário "Partner" (1968), baseado em "O Duplo", ou "O Conformista" (1970), cujo roteiro foi baseado no romance homônimo do escritor italiano Alberto Moravia, além de "Antes da Revolução" (1964), releitura do romance "A cartuxa de Parma", do francês Stendhal.

Bertolucci foi influenciado pelo pai, poeta e professor de História da Arte, e pela mãe, também professora, diferentemente do cineasta Federico Fellini, seu compatriota, flho de uma dona de casa e de um caxeiro-viajante, cuja infância se deu em uma cidade provinciana da Itália, Bertolucci rompeu com a moral vigente, tratando de temas "proibidos" para a época, como o incesto e a volúpia sexual, contribuindo para o já conceituado cinema italiano da década de 60.

Com "O Último Imperador" (1987), Bertolucci marca sua consagração no cinema mundial ao produzir uma película vencedora de 9 Oscars, incluindo o de melhor filme, melhor diretor, melhor música e melhor fotografia, além de conquistar os principais prêmios na Itália, apesar de angariar vários desafetos, já que pela primeira vez o cenário italiano estava fora de seus filmes (a partir de 1980, Bertolucci declararia que não gostava mais de seu país, por estar muito sujo e corrompido).
Em "Beleza Roubada", Bertolucci apresenta ao mundo a então incipiente atriz Liv Tyler (1977 - ), cuja estreia se deu no clipe Crazy, da banda Aerosmith, que tem como vocalista seu pai, Steven Tyler (1948 - ).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vidas Secas - Graciliano Ramos

Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, no Estado de Alagoas, tendo uma infância difícil, juntamente com seus quinze irmãos. Foi prefeito de Palmeira dos Índios, onde parece ter começado sua carreira literária, dada a excelência com que escrevia seus relatórios. Acusado de participar do movimento comunista, foi preso, o que ensejou na publicação de Memórias do cárcere, o que remete ao livro Recordação da Casa dos Mortos, do escritor russo Dostoiévski, que trata das experiências de presos na Sibéria.
Vidas Secas, publicado em 1938, constitui, juntamente com São Bernardo e Angústia, a trilogia da obra-prima de Graciliano Ramos. O cenário de suas obras faz parte da vida do próprio autor, contudo, com uma enorme capacidade literária, que o faz um dos grandes escritores do mundo, Graciliano universalizou os ambientes, os temas e os personagens. Em Vidas Secas, a escrita contribui para o sentido do texto, unindo o plano da expressão com o plano do conteúdo, que remetem para a condição humana oprimida por determinadas circunstâncias naturais e sociais.
Graciliano Ramos era um crítico de seu próprio texto. Depois de concluir a obra, submetia-a a um processo de revisão que perdurava por anos. Antes de morrer, acometido pelo câncer, entregou a seu filho a responsabilidade de cuidar das publicações póstumas, revisar com cuidado algumas que não havia finalizado e rasgar todas as suas tentativas de poesia.
Vidas Secas é um ótimo romance para se apresentar aos jovens e adultos que se iniciam na literatura, já que de uma forma muito enxuta desenvolve temas afetos às maiores obras universais. Estruturalmente, foi classificada como um romance desmontável, já que é constituída de capítulos indenpendentes que não exigem uma sequência linear de leitura. Quanto ao enredo, trata de uma família de retirantes, Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais novo, o menino mais velho e a cachorra Baleia, exposta a toda sorte de adversidade e opressão, que reinicia ciclos constantes em busca da sobrevivência.
Um dos capítulos mais marcantes do livro, se é que existe essa classificação, é a da cachorra Baleia, ser humanizado durante a narrativa, já que é dotada de sentimentos nobres, ao contrário do protagonista Fabiano, que é animalizado, por exemplo, quando depois de pensar em abandonar o filho, que cai cansado, deseja matá-lo. Baleia é morta por Fabiano, mantendo já ao fim de sua vida o sentimento de amor e os sonhos que a permearam ao longo da estória.
Graciliano Ramos, enfim, ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis e, por que não dizer, João Cabral de Melo Neto, é um dos nossos maiores autores, cujo domínio e técnica da arte de escrever pode ser igualado aos grandes nomes da literatura mundial.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Mestre Chico, sempre Chico

Vi esse VÍDEO de Chico Buarque, e mais uma vez me surpreendo com a simplicidade e a sabedoria do grande mestre de nossa música. De forma extremamente leve e bem humorada, Chico fala da pequenez de um mundo movido pelo comentário da vida alheia, da banalização da informação (como a divulgação da morte de Amin Kadher, hoje, pela Record, com apresentadores chorando ao vivo, e ele correndo na praia... o jornalismo da Record atingiu seu ápice), dos julgamentos destrutivos, como, por exemplo, chamar alguém de "bêbado" ou de "velho". Chico faz sua arte como se fosse o cotidiano e ri do mundo do "espetáculo". Nós idolatramos Chico, mas, para ele, seu trabalho é apenas uma necessidade de criação artística. Chico não precisa ser o "Rei", já temos os Pelés e os Robertos, artistas vendidos para uma emissora de televisão, para ocupar esses postos. Sua alegria e seu espírito sempre jovens é contagiante, como a sua obra. Muitas pessoas que se julgam "deuses" devem aprender com esse grande artista.

sábado, 25 de junho de 2011

A Escola de Atenas

O quadro A Escola de Atenas, pintado pelo renascentista Rafael Sanzio, sob encomenda do Papa Júlio II, é um dos que mais me impressionaram durante os estudos de História da Arte, dada a carga de informações e conhecimento histórico e filosófico que nele está contido. Filósofos, matemáticos, cientistas e astrônomos conversam dentro de uma basílica. Ao centro, estão os filósofos clássicos, Platão (segurando sua obra Timeu) e Aristóteles (com seu livro Ética). Mais à esquerda de quem observa o quadro está Sócrates, o pai da filosofia, em posição que representa bem o seu método de filosofar, o da refutação e dialética, em que o interlocutor é conduzido ao caminho da verdade, após tomar conhecimento da sua própria ignorância. O próprio Rafael aparece no quadro, no canto direito do nosso olhar, olhando para nós, talvez, em uma atitude irônica, característica do período renascentista, já que pintou Platão ao centro, justamente aquele que contesta a atividade artística, já que se o mundo perfeito é o que está no campo das ideias e o que existe no campo terreno são cópias imperfeitas desse mundo ideal, a obra de arte seria uma cópia da cópia, ou seja, cópia da imperfeição.

Platão aponta para cima, justamente para fazer referência ao mundo inteligível, das ideias, enquanto que Aristóteles tem a palma da mão voltada para baixo, fazendo referência ao mundo sensível, do conhecimento pela experiência. Aristóteles chegou na academia de Platão com apenas vinte anos, e sem passar por outros mestres, contestou muito da tradição platônica, pois era inteligente demais para assimilar tudo passivamente. Dentre tantos belíssimos quadros, cheios de significações e beleza, escolhi A Escola de Atenas, também influenciado pelas aulas de filosofia, para iniciar outras postagens sobre essa nobre arte das pinturas.

sábado, 4 de junho de 2011

Quando iniciei o curso de História da Arte, confesso que meu espírito se assemelhava a um estudante de Letras sedento pela gramática: imaginava estudar os detalhes de cada pintura, de cada quadro. Os quadros estavam lá, mas nas paredes também havia música, teatro, cinema, escultura e arquitetura. Indiretamente, conheci a obra do músico alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007), que entre outras personalidades, como Aldous Huxley, Bob Dylan, Jung, Edgar Alan Poe, Fred Astaire, Marx e Marilyn Monroe, aparece na capa do álbum dos Beatles, de 1697.Esse músico clássico influenciou toda a música eletrônica do século XX, além de contribuir musicalmente para o rock'n roll, a ponto de ser chamado para participar da capa e disco dos Beatles. Sua grande inovação foi compor várias orquestras, simultâneas e independentes, cujos cojuntos de som retirava o público de seu eixo, aproximando-se muito da alma do rock, influenciando monstros da música, como Pink Floyd, e revolucionando as questões de ritmo e harmonia.

Enfim, Stockhausen rompeu os limites da música erudita, buscou inspiração em temas ocidentais, organizou concertos em que não havia notas fixas, regendo os músicos em um aparente improviso, passou meses se apresentando em dias sucessivos, sem repetir a sequência do dia anterior. O músico alemão polemizou, e com a sua irreverência artística e criativa, de só quem domina muito bem o que está fazendo, alcançou públicos diversos, alcançou-me, e eu, ainda muito distante da música clássica, pude aproveitar durante horas o resultado dessa incrível experiência musical. Viva a não certeza de todas as coisas, quando as dúvidas são bem realizadas!

Texto dissertativo

Estou tendo uma experiência muito direta com cursos preparatórios para vestibulares e concursos públicos, na elaboração de materiais, no planejamento e dentro das salas de aula, onde dialogo com centenas de rostos preocupados, olhando-me, buscando entender a gramática (normativa), o estudo textual, a literatura. Quando saio da sala, já estão se esquecendo do que eu disse, pensando em logarítimo, no revelo nacional ou na Independência dos Estados Unidos, ou não. Ensinar é uma arte constante de se alegrar e de se frustrar, mas viciante.


Neste ano, o vestibular da Fuvest estará mais difícil. A nota de corte será maior, as questões da primeira fase mais numerosas e um número reduzido de candidatos serão convocados para a segunda fase. Assim também ocorre com os concursos, cada vez mais concorridos.


Quando iniciei a pós-gradução em Ensino a Distância, pensei em criar um site que ensinasse as matérias de Letras, matriculei-me em um curso de Web Design, comecei a estudar linguagens de programação e acabei não os concluindo, por acúmulo de atividades. Hoje, terminada a pós, penso em voltar a colocar esse projeto em minhas prioridades. Por enquanto, publicarei algumas matérias de interesse para essas provas, que poderão ser acessadas no link concursos e vestibuares, à esquerda da página. Assim, inicio com o texto dissertativo.


Modelo e orientações para o texto dissertativo (cada parágrafo deve ser iniciado com espaçamento da margem).


A expansão dos direitos civis para os homossexuais
(título centralizado, primeira maiúscula, espaço de 1 linha)

As questões morais e religiosas são insuficientes para justificar a restrição aos direitos civis quando se trata dos homossexuais, já que (apresentar uma ideia e explicá-la, desenvolvê-la) na sociedade contemporânea as bases formadoras de comportamentos se enfraqueceram diante da multiplicidade e complexidade das relações entre as pessoas e delas consigo mesmas.
(o primeiro parágrafo é a introdução, deve conter o posicionamento do autor do texto e os elementos que serão desenvolvidos nos parágrafos intermediários, neste caso, questões morais, religiosas, sociedade contemporânea e mudança de comportamento).
Desde a Revolução Francesa (apresentação de um fato conhecido, pertinente e importante), o ser humano buscou a igualdade de direitos, embora, o rumo da sociedade capitalista tenha potencializado a desigualdade entre as pessoas, porém (promover a coerência), no campo civil, muitas vitórias ocorreram, no que diz respeito aos direitos de negros, crianças e mulheres, trazendo um novo cenário para os grupos considerados minoritários, dentre eles, os homossexuais (sempre trazer o tema para o texto).
(dividir as ideias nos parágrafos; não construir parágrafos muito extensos ou muito curtos no desenvolvimento)
A discriminação, muitas vezes (relativização) baseadas em dogmas morais e religiosos (desenvolvimento do que foi apresentado na introdução), passou a ser pensada e rejeitada por boa parte da sociedade, haja vista que a etnia, gênero, religião ou opção sexual (volta à questão do tema) não retiram a condição de ser humano, ou seja, de identificar-se com o outro, além disso, as atrocidades cometidas no início do século XX (apresentação de fato conhecido), com as duas grandes guerras e a constituição dos Estados nazi-facistas, demonstrou que estabelecer critérios de superioridade, fundamentado em falsas ideologias que tratam as diferenças de maneira pejorativa e perigosa, causa danos irreversíveis à vida em nosso planeta, inaceitáveis na sociedade contemporânea, já experimentada em relação aos conflitos entre os homens.
Superadas as questões morais e religiosas, advindas da tradição cultural, muitos países europeus e, mais recentemente, a Argentina (apresentação de caso concreto), aprovaram a lei que reconhece e garante os direitos civis para os homossexuais (tema), inclusive (fortalecimento da ideia), o direito à união estável, com isso (fortalecimento da ideia), demonstrando que é possível pensar as relações sociais de uma outra maneira, quando o objetivo é promover a igualdade e combater a discrimação, o que, no dia a dia, já se observa no Brasil, país propenso ao respeito e à multiplicidade cultural, étnica e sexual, em virtude da sua própria formação histórica, ainda que haja focos de resistência em alguns setores da sociedade.
Sendo assim (conclusão, último parágrafo, síntese do que foi exposto), promover um pensamento e comportamento que incentivem o respeito às diferenças e busque a igualdade de direitos é dever do poder público e da sociedade civil, que necessitam criar mecanismos que garantam esses direitos fundamentais, além de formar pessoas (mudança de comportamento, como apresentado na introdução) que se respeitem e que construam um mundo com muito mais paz e igualdade entre todos.

Considerações Gerais
- dissertar é expor uma ideia, argumentar acerca de um tema, com impessoalidade (não se deve utilizar primeira pessoa, eu acho que, eu penso que, na minha opinião), objetividade e clareza (selecionar o vocabulário empregado, linguagem padrão, evitar repetições e ideias vagas como: entre outros, etc), concisão (ideias diretamente relacionadas) e coerência (ideias que não se contradizem).
- fugir do tema, não abordá-lo ou se contradizer é erro grave.
- faça um texto rascunho, para depois corrigir a escrita (sintaxe, concordância, ortografia) e aprimorar o conteúdo (use os concetores de sentido).
- não use gíria, frases prontas, jargões, provérbios ou expressões populares.
- respeite as margens, escreva de forma legível, acentue e use corretamente a vírgula. Em caso de erro ortográfico, deixe a palavra entre parênteses, passando sobre ela um traço único.
- Divida o texto em introdução, desenvolvimento e conclusão; organize os parágrafos.
- Caso seja solicitado número de linhas, tenha como referência o limite de três para mais ou para menos.
- Não se esqueça do título, que deve contribuir para o sentido do texto (evite títulos simplistas, como: O aborto / A eutanásia / A fome).